domingo, 30 de agosto de 2009

O casamento congela.

Flávia de Gusmão
Sexo@cidade
Revista JC
Jornal do Commércio
Publicado em 30.08.2009

O homem descongelado.

O que aconteceria se a ciência estivesse apta a congelá-lo ainda vivo e só reanimá-lo 20 anos depois? A resposta, meu amigo, pode ser verificada agorinha mesmo, numa infinidade de eventos sociais, e a afirmativa é válida para homens e mulheres. É de se supor que a máquina que permite tal milagre acontecer não é feita exatamente de porcas, parafusos, titânio e placas acrílicas. Ela é feita de uma substância chamada casamento que, embora menos concreta, é igualmente eficiente. O casamento nos faz entrar numa espécie de cápsula de hibernação, mantida em condições estáveis de temperatura e pressão, da qual só somos retirados algum tempo depois, numa espécie de processo frost-free – o descongelamento rápido de volta a um mundo cheio de situações fora de controle.
É só prestar atenção cuidadosamente naquela pista de dança, naquele bar, naquela festinha ou restaurante. Os recém-descongelados parecem pessoas normais, mas um exame mais atento é capaz de identificá-los. O olhar é o primeiro a denunciar, assim como acontece com os zumbis.

É um olhar peculiar, de espanto em relação às coisas que o cercam. O mesmo que você teria se tivesse sido colocado para dormir na época em que as pessoas compravam linhas telefônicas para revendê-las com um lucro exorbitante e tivesse acordado na época do MP5, como um longo cochilo cuja medida de tempo pode ser calculada em algum momento entre a era pré-internet e o Twitter. É assim que se sentem aqueles que, voluntária ou involuntariamente foram ejetados do casulo matrimonial para a selva do eu sozinho.

Ao contrário do que seria feito num experimento científico, este descongelamento nada tem de rigor profissional. Nenhuma câmera de resfriamento gradual, até hoje, foi eficazmente desenvolvida para aclimatar você que era mantido em estáveis graus abaixo de zero para temperaturas que podem oscilar de 22 a 100 graus centígrados. Numa hora, você é uma adorável peça de picanha embalada a vácuo, coberta por cristais de gelo, na outra, está chiando na chapa quente. E grandemente responsáveis por isso são os amigos, que são cheios de boas intenções, mas péssimos cozinheiros ou cientistas. Eles teimam em aparecer no dia seguinte, com uma garrafa de bebida na mão, insistindo para que voltemos ao que eles chamam de “a vida de antes”. O que eles querem dizer, de fato, é “voltar há duas décadas ou mais atrás”. Taí a única explicação plausível porque ainda vemos alguém fazer a coreografia de Vogue em boates.

O melhor seria que, antes de enfrentar o fogo, nos fosse dado o tempo regulamentar para as diversas fases pré-descongelamento. A fase 1 é a do moletom e da camiseta de propaganda, fardamento obrigatório que tem como acessório indispensável um prato de guloseima. Qualquer uma que corrobore a recém-instalada e mais falsa impossível teoria de que nunca mais vamos querer saber de alguém na nossa vida.

A fase 2 é voltar a acreditar que tomar banho e escovar os dentes não são apenas convenções sociais para nos fazer escravos da indústria da higiene pessoal.

A fase 3 é querer ficar lindo em três dias, entram nesta conta a dieta do pepino, a da sopa e a do limão. Também aí devem ser dados os descontos dos exageros no vestuário, como a pranchinha de surfe ou o colar de contas de madeira pendurados no pescoço de um garotão de 40 anos. Em menor proporção, também podem ser considerados bônus do lapso de tempo as calças capri em quem tem mais de 25, as sandálias de quem vai fazer trekking no Himalaia e o charmoso vômito pós bebedeira desenfreada.

A fase 4 é a mais cruel de todas. O homem descongelado precisa reaprender a arte da conquista. É como se uma lata de palmito em conservas tivesse que aprender a ser vegetal fresquinho de novo. Todas aquelas artimanhas em que éramos extremamente versados em outras épocas estão ocultas por várias camadas de ferrugem. A forma segue a função e se não há função... Reaprender a olhar e ser olhada, reaprender o sutil jogo de corpo, as palavras certas no lugar certo. Dureza.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Para que serve a religião?

Deus é uma criação do homem para simbolizar o desconhecido.
No passado remoto o sol, a lua, a chuva, o raio, o trovão etc, eram considerados deuses ou manifestações deles.
Hoje acredita-se que existe apenas um Deus que julgará todas as nossas ações quando morrermos.
Não sei quem inventou a religião para cultuar os deuses. A verdade é que, quem o fez, deve ter sido o primeiro sacerdote e, por intermédio dele, é que ficamos sabendo o que pensa Deus e o que espera de nós.
Para algumas religiões o julgamento divino é único e definitivo. Dependendo do que fizermos em nossas curtas vidas, vamos gozar ou sofrer eternamente.
Para outras teremos infinitas oportunidades de resgatarmos nossos erros através do sofrimento e das boas ações na Terra.
Como saber qual religião está certa, se existe alguma certa, e qual a que foi criada apenas para domesticar o povo ou para satisfazer a vaidade e o desejo de riqueza e poder do seu criador?
Diante de tantas manifestações religiosas, muitas conflitantes e inimigas entre si; diante de sacerdotes que pregam a submissão das mulheres e o sacrifício de vidas humanas para atingir o Paraíso; diante de representantes da religião que não praticam a palavra que pregam: entregando-se à corrupção, exploração econômica e sexual, pedofilia etc, como acreditar no que esses representantes falam?
Todos dizem que se baseiam em textos escritos por profetas em comunicação direta com Deus, há milhares de anos atrás. O que varia é a interpretação dada pelos homens a esses textos.
Portanto prefiro esperar por uma nova manifestação divina que venha dirimir todas as minhas dúvidas a acreditar em interpretações distorcidas para satisfazer os mais diferentes e escusos interesses.
Se padres, pastores, rabinos etc, querem salvar almas, que arrumem um emprego e preguem suas crenças nas horas de folga como fazem aqueles que se dedicam a trabalhos voluntários sem nenhuma remuneração. E não ficar pedindo dinheiro aos fiéis para construir e manter templos luxuosos, vivendo na ociosidade e retribuindo com obras assistenciais insignificantes diante do volume de recursos que arrecadam.
A igreja católica e outras religiões possuem emissoras de rádio e canais de televisão fazendo pregações 24 horas por dia.
Organizações de esquerda não conseguem concessões para operar canais de TV, mas organizações de direita e igrejas conseguem com a maior facilidade.
As igrejas arrecadam bilhões de reais por ano dos fiéis prometendo riqueza e felicidade na terra e no céu. Mostram "curas milagrosas", fazem exorcismo e pregações contra o aborto, o homossexualismo, o divórcio, etc.
Estou muito preocupado com a expansão das seitas religiosas no Brasil. Elas estão conseguindo eleger deputados e senadores. Tenho medo que eles se tornem maioria no congresso e modifiquem a constituição, revogando leis progressistas e aprovando leis retrógradas. Podem até querer substituir a Constituição pela Bíblia, como querem fazer nos países islâmicos e já acontece no Irã, por exemplo.
Acredito que a religião pode ajudar algumas pessoas que não conseguem assumir a responsabilidade pelo seu destino. Mas, para a humanidade como um todo, a religião trouxe mais males do que bem.
O mundo estaria bem melhor se a Filosofia estivesse ocupando o lugar da religião.
Ricardo.
Recife, 08/03/05.
Viva o Dia Internacional da Mulher.

Frei Geraldo - Aniversário - 72 anos. 3/3

Publicado a pedido de Genival.








































FOTOS: Genival.

Frei Geraldo - Aniversário - 72 anos. 2/3

Publicado a pedido de Genival.







































FOTOS: Genival.