sábado, 24 de outubro de 2009

Manifesto internacional pró-MST‏

Publicado no Jornal do Comércio do Recife - Caderno Brasil - Pag. 16, em 24.10.2009.
http://jc3.uol.com.br/jornal/2009/10/24/can_8.php


Intelectuais do Brasil e do exterior se posicionaram contra investigação de supostas irregularidades no repasse de verbas para entidades ligadas ao grupo.

SÃO PAULO – Intelectuais do Brasil e do exterior divulgaram ontem um manifesto em defesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e contra a CPI mista criada esta semana para investigar supostas irregularidades no repasse de verbas públicas para a entidades ligadas ao grupo.
De acordo com o documento, está em curso no Brasil “um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro”.

Entre os signatários do manifesto aparecem os escritores Eduardo Galeano, do Uruguai, e Luiz Fernando Veríssimo. Também estão na lista o crítico literário e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) Antonio Candido, o cientista político Chico de Oliveira e o filósofo Paulo Arantes.

Até o fim da tarde de ontem, cerca de 100 pessoas já haviam assinado o documento, que circula por diversos países. Em Portugal, ele ganhou a adesão do sociólogo Boaventura de Souza Santos, um dos ideólogos do Fórum Social Mundial.

O manifesto critica a cobertura dada pela mídia à destruição de um laranjal da empresa Cutrale por militantes do MST, semanas atrás, no interior de São Paulo. “A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de pés de laranja como ato de vandalismo. Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a titularidade das terras é contestada pelo Incra e pela Justiça”, diz o texto.

“Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários, desejando produzir alimentos”, acrescenta. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou “vandalismo” a ação dos sem-terra.

Segundo o sociólogo Ricardo Antunes, da Unicamp, um dos signatários do documento, o MST é respeitado internacionalmente como um dos movimentos sociais mais importantes do mundo. “É inaceitável a iniciativa de criminalizá-lo e empurrá-lo para a clandestinidade”, criticou. “É inaceitável também que este Congresso, que chegou ao fundo do poço e cujo presidente tenta cercear o trabalho da imprensa, impedindo a divulgação de informações sobre sua família, se julgue no direito de policiar e tentar sufocar o movimento”, completou.

O texto endossa a tese defendida pela liderança do MST de que o principal objetivo da CPI é tirar do foco o debate sobre a revisão dos índices de produtividade no País, que estão em vigor desde 1975.

Nenhum comentário:

Postar um comentário